ATA DA QÜINQUAGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 04-12-2001.

 


Aos quatro dias do mês de dezembro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e dezenove minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha à Senhora Lizete Wolkind, nos termos do Projeto de Resolução nº 034/01 (Processo nº 1633/01), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: o Vereador João Carlos Nedel, presidindo os trabalhos; o Senhor Pedro Simão Gus, Presidente da Sociedade Israelita do Rio Grande do Sul; o Senhor Sérgio Turkienicz, Presidente da Sociedade de Educação e Cultura Porto-Alegrense, Mantenedora do Colégio Israelita Brasileiro; a Senhora Lizete Wolkind, Homenageada; o Vereador Isaac Ainhorn, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PT, PDT, PTB, PMDB, PL, PHS, PPS e PSL, discorreu sobre a trajetória pessoal e profissional da Senhora Lizete Wolkind, ressaltando a importância do trabalho desenvolvido pela Homenageada na área da educação, especialmente na preservação dos valores culturais e educacionais da comunidade judaica e justificando os motivos que levaram Sua Excelência a propor a presente homenagem. A seguir, o Vereador João Carlos Nedel solicitou ao Vereador Isaac Ainhorn que assumisse a direção dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, externou sua satisfação em participar da presente solenidade, discursando sobre os ideais de fraternidade e solidariedade defendidos pelas instituições sociais, especificamente a escola e a família. Nesse sentido, destacou a atuação da Senhora Lizete Wolkind como educadora, salientando ser Sua Senhoria um exemplo de professora a ser seguido pelas futuras gerações. Após, o Vereador Isaac Ainhorn solicitou ao Vereador João Carlos Nedel que assumisse a direção dos trabalhos e, após, o Senhor Presidente convidou o Vereador Isaac Ainhorn a proceder à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha à Senhora Lizete Wolkind, concedendo a palavra à Homenageada, que agradeceu o Prêmio recebido. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, informou que, após o término da presente Sessão, seria realizado um coquetel de confraternização no “T Cultural Tereza Franco” do Palácio Aloísio Filho e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos, e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Carlos Nedel e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear a Sr.ª Lizete Wolkind. Convidamos para compor a Mesa o Sr. Pedro Simão Gus, Presidente da Sociedade Israelita do Rio Grande do Sul; o Sr. Sérgio Turkienicz, Presidente da Sociedade de Educação e Cultura Porto-Alegrense, Mantenedora do Colégio Israelita Brasileiro; a Prof.ª Lizete Wolkind, nossa homenageada.

Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Isaac Ainhorn, proponente deste Prêmio, está com a palavra e falará pelas Bancadas do PDT, PT, PTB, PMDB, PL, PHS, PPS e PSL.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Caro Presidente da Sociedade Israelita do Rio Grande do Sul, Dr. Pedro Simão Gus, que nos honra nesta tarde com o seu comparecimento, ao que me conste sua primeira representação oficial como novo Presidente da Sociedade Israelita do Rio Grande do Sul. A sua presença aqui neste momento na Casa Legislativa do Povo Porto-Alegrense é extremamente importante, sobretudo por ocasião da entrega da láurea que a Cidade de Porto Alegre outorga, neste final de tarde, início de noite, à Lizete. Cumprimentando todos os que estão aqui presentes, eu faço a ligação da presença do Presidente da Sociedade Israelita, como primeira presença oficial em solenidade, na concessão desta láurea que a Cidade de Porto Alegre outorga à Prof.ª Lizete Wolkind, conquanto o nome do Prêmio é Thereza Noronha, a quem o Rio Grande conheceu como uma das mais extraordinárias educadoras deste Estado. Este prêmio leva o seu nome.

Por que faço essa relação? Porque vejo na Lizete - e aqui todos a conhecem e a ela vêm aqui prestar esta homenagem - aquilo que nós poderíamos dizer que é o milenar segredo do povo judeu: o papel e o valor que ele confere à educação, especialmente à educação dos seus filhos.

Já perguntaram, em algumas ocasiões, qual o segredo da perpetuidade do povo judeu. Esta é uma reflexão de alguma profundidade, em que se diz que o segredo da perpetuidade do povo judeu está sobretudo no papel que, de geração em geração, ele dedica à educação e ao conhecimento. Não é por acaso que o povo judeu é conhecido como Povo do Livro, por ter dado, à cultura ocidental e ao mundo, a mais importante das reflexões, que é a Bíblia. Pois esse segredo fez com que a Lizete hoje se encontre aqui recebendo da Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta solenidade, o Prêmio Thereza Noronha. Posso falar porque a conheço desde menina e essa referência ao papel da educação era a sabedoria dos nossos pais e a sabedoria dos pais dos nossos pais, indo, assim, de geração em geração. Quando se fala que a educação é um elemento libertador do ser humano, conseguimos compreender o conteúdo profundo dessas palavras, que poderia ficar, até, dentro de uma natureza muito abstrata, porque foi através simplesmente da educação, e não do capital, e não dos bens materiais, que a comunidade judaica superou obstáculos e venceu barreiras. Esse é o grande segredo. E alguns povos, mais modernamente, tiveram a sensibilidade de compreender essa missão. E nós tivemos em comum... E quem imaginaria, há trinta e cinco, quarenta anos, que um dia nos encontraríamos aqui, no solene Plenário de um Legislativo da Cidade de Porto Alegre, como poderia ser na Assembléia Legislativa ou na Câmara Federal, prestando-te essa homenagem. Nunca nos passaria pela mente essa homenagem quando morávamos lá na Fernandes Vieira, no edifício de número 345, e foi na simplicidade desse número, na modéstia daquele prédio, onde forjamos as nossas vidas, os nossos caráteres, o nosso futuro. Coincide em muito com a história de cada um dos que estão aqui, hoje, presentes, nessa solenidade.

Curiosamente, não tivemos a sorte e a ventura de podermos estudar no Colégio Israelita; tu estudaste no Grupo Escolar Roque Calage e eu estudei no Grupo Escolar Luciana de Abreu. Só no primeiro ano primário fui alfabetizado ainda no Colégio Israelita, morava do lado, mas vejam como são as coisas, as condições materiais foram adversas e a nossa experiência foi construindo essa solidariedade que permite, hoje, que, muitas vezes, um aluno que não tenha condições de freqüentar o Colégio Israelita da nossa comunidade lá seja acolhido e recebido como qualquer outro, sem qualquer preconceito, e sem qualquer espécie de discriminação. Honro-me muito neste momento, evoco aqueles tempos, nós sabemos o quanto eram importante os nossos estudos, os nossos vestibulares. Tu, depois, no Instituto de Educação, eu no Júlio de Castilhos. Depois tu foste para a Faculdade de Ciências Econômicas, na Universidade Federal, assim como muitos, em outras opções, eu para a Faculdade de Direito, até porque nós tínhamos de passar na UFRGS, só havia duas faculdades: a UFRGS e a PUC. Se nós não passássemos, naquela época, na UFRGS, nós tínhamos de ficar esperando novamente. Felizmente, não precisamos ficar esperando porque passamos na primeira. Já as gerações subseqüentes receberam as coisas com mais facilidade, com mais tranqüilidade; podem estudar na PUC, na ULBRA, na UNISINOS, todas estruturas universitárias consagradas.

Mas eu quero, aqui, nestas reflexões, viver a tua extraordinária trajetória, e, nessa extraordinária trajetória, nós prestamos homenagem a todo um processo de educação. Tu incorporas, Lizete Wolkind, nesta homenagem que fizemos a ti, e no reconhecimento, no carinho que nós sabemos que tu desfrutas junto a todos aqueles que passaram, nesses 30 anos, pelo Colégio Israelita, que foram alunos teus, às vezes até - com a tua mocidade, com a tua juventude - duas gerações, três gerações, pais e filhos, e levas um epíteto extraordinário que orgulha a qualquer um quando os alunos se referem a ti como uma pequena notável, aquela personagem que corre permanentemente pelos corredores do Colégio Israelita.

A presença de pais com seus filhos aqui revela esse carinho que as pessoas têm, esse processo de educação, essa construção permanente se faz dessa forma. Hoje, não só a comunidade do Colégio Israelita, mas o conjunto da comunidade, ao prestar essa homenagem a ti, reconhece que estás recebendo essa homenagem, essa láurea, pelo mais justo merecimento. Gostaríamos que aqui estivessem o Sr. Samuel, a dona Zelda, mas certamente, de alguma forma, eles estão nos olhando e nos assistindo. Eu, algumas vezes, fiz algumas experiências professorais, sendo que uma delas foi com o teu irmão, com o nosso querido Rubinho, o Dr. Rubens Wolkind, eminente anestesista desta Cidade, e penso que nos demos bem na nossa experiência com ele, mas o que marca é a tua vocação permanente para o magistério, a opção que fizeste. Aquele fato de teres passado em um concurso para Agente de Tributos da Receita Federal, certamente, do ponto de vista de remuneração, é muito mais generoso do que os vencimentos de professores aqui no nosso Estado, no nosso País, seja professor público ou particular, mas, apesar das vicissitudes e das dificuldades, é inegável que a figura do professor tem um caráter de santificação, de santificado pelo que ele representa, e isso tu incorporas e encarnas de forma plena na tua história e na tua trajetória, que não é uma trajetória concluída, ao contrário, eu tenho certeza de que esta homenagem que a Câmara Municipal faz a tua pessoa, em reconhecimento ao teu trabalho, só servirá de estímulo para continuares a tua trajetória que é de muito trabalho, com toda a bagagem e com toda a experiência que tu hoje dispões para administrar e gerir atividades ligadas ao Magistério, ao estudo e à pesquisa.

Quero, portanto, mais uma vez, dizer que é credor deste título, anualmente, uma pessoa que tenha prestado relevantes serviços à atividade do magistério e da educação em nossa Cidade, e tu eras já, plenamente credora dessa condição e dessa titulação. Finalmente, hoje nós fazemos este reconhecimento. Eu digo isso, porque, quando ingressei com a proposta nesta Casa, tomando conhecimento dos teus 30 anos de atividades completados, eu disse: alguma homenagem nós deveríamos fazer a Lizete. E esta se concretizou, se instrumentalizou na concessão desta láurea, que leva o nome de Thereza Noronha em reconhecimento ao extraordinário trabalho na educação que tu fizestes, vens fazendo e tenho a convicção de que continuarás fazendo, és o orgulho para todo nós. És uma referência, és um marco no processo da educação, é sucessora de toda uma geração de professores. E hoje quando nós te homenageamos, nós homenageamos aos professores, homenageamos ao teu trabalho, a trajetória daqueles que ficaram para trás, alguns esquecidos no seu trabalho de educação, e tu, hoje, incorporas tudo isso. Portanto, quando nos reunimos aqui, Ver. João Carlos Nedel, presidindo esta Sessão, o sentido desta homenagem é o reconhecimento ao trabalho na área educacional promovido pela Professora Lizete Wolkind durante já os seus mais de 30 anos à frente do Magistério, felizmente ainda muito jovem e bonita e com um largo e extraordinário potencial de contribuições a dar a nossa comunidade, a Porto Alegre, e ao nosso Estado. Parabéns, e muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu convido o Ver. Isaac Ainhorn para assumir a presidência dos trabalhos em virtude da minha manifestação.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, em nome da Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) “Escola e família são as instituições sociais que detêm a maior parcela de responsabilidade pela construção e pela preservação da vida social pacífica, ordeira, progressista, solidária, fraterna e feliz

Pais e professores são, por isso, elementos centrais, essenciais mesmo, para que a vida social possa bem fluir e orientar-se no caminho do bem comum.

São parceiros inalienáveis na missão de instruir e de educar. São, em conjunto, responsáveis primeiros e imediatos pela formação do caráter e pelo desenvolvimento das pessoas. São eles, enfim, os educadores, aos quais cabe dar aos indivíduos os fundamentos e a estrutura necessários à vida gregária. É porque penso assim que sempre me deixo sensibilizar, de modo ímpar quando esta Casa homenageia pessoas e instituições ligadas à educação e à família, como hoje acontece, graças á iniciativa do sempre atento Ver. Isaac Ainhorn, a quem, neste momento, saúdo e cumprimento.

Prof.ª Lizete Wolkind, não bastasse seu eficaz trabalho docente, não bastasse seu preparo e não bastassem sua devoção e dedicação, por mais de 30 anos à causa do ensino, sua visão lúcida sobre a importância primeira da educação no encaminhamento das soluções para os graves problemas do Brasil já seria suficiente para torná-la merecedora do Prêmio de Educação Thereza Noronha, que esta Casa agora, com muita justiça, lhe concede.

O Prêmio Educação adquire importância capital neste momento singular da história do Rio Grande do Sul, porque nos permite, por em relevo o papel da educação social, porque é complementar à educação familiar e escolar.

É preciso que cuidemos para que a educação em nosso Estado não se torne ideológica, centrada num pensamento único, pouco construtor além de enganoso e perverso, no sentido de que procura deformar e combater os valores básicos da sociedade.

É preciso que estejamos, todos, preparados para evitar que a educação seja manipulada ao bel-prazer dos grupos políticos dominantes, que já se infiltram nas escolas pela via das cartilhas doutrinárias monocrômicas e, pior que isso, pela admissão preferencial de professores afinados com tais doutrinas.

Receba, então, Prof.ª Lizete Wolkind, o Prêmio Educação Thereza Noronha como um reconhecimento por tudo quanto fez pela educação em Porto Alegre, mas também como um estímulo a outros educadores, muitos dos quais aqui presentes, que, como a senhora, sabem que os problemas de nosso País têm solução, sim, e que essa solução passa, necessariamente, pelos caminhos da verdadeira, honesta e sadia educação.

Como membro da Comissão de Educação desta Casa e quando vejo um testemunho, Ver. Isaac Ainhorn, tão eloqüente e elevado em prol da educação, encho-me de renovadas esperanças de que este País há de encontrar a solução de suas dificuldades através da educação.

A sua vida, Prof.ª Lizete, é um exemplo de como uma pessoa pode ser um alicerce do nosso futuro. Parabéns, Prof.ª Lizete Wolkind e que Deus continue lhe abençoando. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Ver. João Carlos Nedel assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu tenho a honra de convidar o Vereador proponente desta homenagem, Ver. Isaac Ainhorn, para proceder a entrega do Diploma que lhe confere esse Prêmio.

 

(Procede-se a entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha.)

 

A Sr.ª Lizete Wolkind está com a palavra.

 

A SRA. LIZETE WOLKIND: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da mesa e demais presentes.) A emoção que estou vivendo é muito grande, e ela se estende desde o dia em que fui comunicada de que receberia o Prêmio Thereza Noronha.

Muito tenho refletido sobre o motivo de ter escolhido a educação, dentre todas as oportunidades que se apresentaram. Afinal, por que a educação? Seria porque na época, final da década de 60, esse era o caminho para jovens que como eu buscavam o trabalho que permitisse conciliar família e trabalho.

Seria porque poderia realizar um sonho de menina: ser professora? Concluir o curso ginasial e fazer, científico, clássico ou normal – hoje magistério. A opção veio naturalmente, amava minha escola, o Instituto de Educação; tinha laços afetivos fortes com meus colegas e, principalmente, valorizava a orientação consistente que recebia de meus mestres, além do conhecimento, preocupavam-se em formar pessoas. Era justamente o que me encantava. Ouvi meu coração, decidi fazer o curso normal e depois decidiria sobre o curso superior a fazer. A escolha não poderia ter sido outra. Se houvesse alguma dúvida, ela teria se dissipado logo no primeiro semestre letivo.

Com muito entusiasmo, cursei os três anos e ansiosa, parti para o estágio que me daria o título tão almejado: Professora. Quanto orgulho, quanta responsabilidade e quantas saudades. Saudades do Coral, regido pela Prof.ª Diná Neri Pereira; das aulas de teatro, da Prof.ª Olga Reverbel. Saudades!

Logo recebi o primeiro convite para trabalhar como Professora no Colégio Israelita Brasileiro.

Obrigada, Prof.ª Malvina Dorfman por acreditares no meu potencial – devo a ti muito do que aprendi e muito da minha realização profissional, és meu referencial, minha eterna professora e orientadora. Já lecionando, questões muito particulares me encaminharam para a Faculdade de Ciências Econômicas, cursada à noite na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ao final do 4º semestre, ingressava também na Faculdade de Matemática, buscando sempre a possibilidade de vencer novos desafios. Concluído o curso de Ciências Econômicas, surge a possibilidade de mudar o rumo da minha vida. Diploma recebido, primeiro concurso realizado. A Professora é aprovada no concurso de Fiscal de Tributos Federais, mais uma vez a vida me colocava numa encruzilhada. Se por um lado havia a garantia de emprego federal bem remunerado e a tão apontada segurança econômica, deslumbrando-se um futuro sem preocupações financeiras, por outro lado os meus pequenos, curiosos, afetivos e desafiadores alunos acenavam com a possibilidade de muito esforço e investimento, pouco retorno financeiro e a incerteza de emprego. Mais uma vez falou o meu coração: sou Professora, quero sala de aula, quero aprender com os meus alunos, quero ajudá-los a acreditar que podem vencer desafios, sobretudo que podem acreditar no ser humano, respeitando as diferenças, agindo com ética e pautando as suas condutas em valores como a justiça, a solidariedade e a verdade.

Professora jardineira, professora de 1ª à 4ª série, Professora de matemática, etapas em minha vida. Colégio Israelita Brasileiro e Instituto de Educação: minhas casas. Dez anos passaram-se desde a formatura, novamente questões particulares acenam com mudanças, desta vez mudança para outro Estado, mas a Professora permanece, afinal São Paulo também tem escolas. Colégio Dante Alighieri, Colégio São Judas, sempre a busca da sala de aula; alunos sorridentes, zangados, quietos, turbulentos, cada um do seu jeito, um desafio permanente que impulsiona a criatividade, a busca de novas técnicas, a mudança de metodologia e principalmente o aprimoramento permanente. Foram sete longos anos em São Paulo, aulas durante o dia e outro curso na Faculdade à noite. Precisava entender as ciências para melhor trabalhar a matemática aplicada.

Apesar da satisfação que o trabalho trazia, faltava algo. A saudade de Porto Alegre, do meu irmão e de meus amigos falava muito alto em meu íntimo e foi mais forte. Retorno às raízes em 1986. Inicio em 87 novamente como Professora do Colégio Israelita Brasileiro, escola da mais alta qualidade de ensino, onde me encontro até hoje.

De Professora de matemática à Assistente de Curso e Coordenadora de Matemática, Coordenadora Administrativa, Vice-Diretora operacional e hoje Diretora Operacional. Difícil precisar o número de alunos que já atendi desde 1971; difícil medir a satisfação por ter participado de uma parte da vida de cada um deles, e difícil expressar o orgulho que sinto por ter como Presidente da Sociedade Mantenedora da escola em que trabalho, meu ex-aluno Sérgio Turkienicz.

Fácil responder à questão inicial: por que escolhi trabalhar em educação? Compartilhando minhas idéias às idéias da Prof.ª Thereza Noronha e às citações de Charles Taylor, respondo: escolhi educação, porque, comprometida com o meu tempo, consciente do poder da educação e do papel que esta pode exercer num mundo em permanente revolução, seja no campo da informática, genética, comunicações e outros campos, mas também num mundo marcado pelos contrastes entre riqueza e pobreza, guerra e paz, fome e fartura, mudanças se fazem urgentes. Cresce o ceticismo sobre até onde pode chegar uma globalização repleta de oportunidades tecnológicas, mas totalmente carente de um código de ética que a oriente, que a ajude a enfrentar o “desencanto com o mundo” e o “vácuo dos sentidos”. Há urgência de conscientização – e essa pode se dar efetivamente via educação. Por acreditar que nossa realidade se transformará se as oportunidades valerem para todos, e que a escola é o caminho mais seguro para transformarmos essa realidade desigual em uma sociedade mais justa, mais solidária e mais verdadeira, daremos sentido à vida.

Receber este Prêmio é, para mim, o reconhecimento por trinta anos de trabalho, uma caminhada realizada em parceria com os colegas, com os alunos e seus familiares. Não construímos nossas trajetórias sem o apoio de outras pessoas. Recebo esta distinção e divido-a com pessoas que souberam acreditar, entender e apoiar a minha escolha.

Obrigada, meu querido Bernardo Kripka, companheiro de todos estes anos, que soube entender os motivos de minha escolha, e que sabe, ainda hoje, dividir o nosso tempo com os meus compromissos profissionais. Sem esta tua disponibilidade e companheirismo seria difícil ser tão feliz.

Obrigada, meu querido irmão Rubens Wolkind, Rubinho, meu apoio como pai e mãe, quando, ainda muito jovens, nossa família ficou reduzida a nós dois. Sempre fostes um porto seguro nos momentos difíceis que enfrentamos.

Obrigada, Ver. Isaac Ainhorn, pela indicação para este Prêmio.

Obrigada Srs. Vereadores, pelo acolhimento da proposta.

E obrigada, Sr. Presidente, em exercício, desta Casa, por este momento que guardarei na memória e que me revigora como pessoa e profissional por mais, pelo menos, trinta anos de trabalho.

Obrigada aos amigos presentes, que aqui vieram demonstrar seu afeto e reconhecimento.

Obrigada aos pais dos alunos, que sempre respeitaram e valorizaram o meu trabalho.

Obrigada colegas do IE, vocês fazem parte da minha história.

Obrigada colegas do Israelita, funcionários, colegas professores, colegas coordenadores e colegas de direção Mônica Timm de Carvalho e Roseli Jacobi, vocês enriquecem a minha história.

Em especial, obrigada àqueles que fizeram realidade o meu sonho de menina: todos os meus alunos desses 30 anos.

Para finalizar, encontro na Torá (fonte essencial da religião judaica) a compreensão da minha escolha: “Aquele que instrui o filho do seu semelhante tem tanto mérito quanto aquele que contribui para o nascimento. Se o pai dá a vida o professor lhe aponta os meios e as razões de viver”. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

A Profª Lizete Wolkind, a Câmara Municipal e o Ver. Isaac Ainhorn agradecem a presença de todos e convidam a participarem do coquetel no “T Cultural Tereza Franco”.

Renovamos os nossos agradecimentos e encerramos a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h06min.)

 

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